O “piloto do Hudson” – o herói que conseguiu pousar o seu avião nas águas do rio Hudson, salvando assim 150 pessoas de um destino pior que a morte, não desaparece das manchetes da imprensa americana:
“Weeks after starring in his own story of bravery and heroism, the pilot who safely ditched his jetliner in the Hudson River received a standing ovation Saturday from the audience at a Broadway performance of “South Pacific”.
At the end of the classic revival, the show’s stars introduced Capt. Chesley “Sully” Sullenberger as the pilot who set down the disabled plane within reach of rescue boats last month, saving the lives of all 155 people. A spotlight was trained on Sullenberger in the audience, and the crowd stood, cheered and applauded. The pilot’s wife, Lorrie Sullenberger, began wiping tears from her face. He hugged her, then turned back to the crowd and waved as the cheers grew still louder. The 58-year-old pilot, his wife and their two daughters went backstage after the show and met the cast of the Rodgers and Hammerstein musical, which tells of the romances and heroics of a group of American aviators, nurses and sailors stationed far from home during World War II.
It was an appropriate choice for Sullenberger, who was named best aviator in his Air Force Academy class and served in the military from 1973 to 1980. He flew F-4 Phantom II fighter planes and served as a flight leader in Europe and the Pacific.”
Eu, se fosse o Sully, tinha cuidado. Tanto interesse na sua vida, na sua família, na sua carreira... Tantos jornalistas a “investigarem”, tantos amigos e conhecidos a “testemunharem”... Não hão-de tardar a biografia autorizada, o movie of the week, talvez o blockbuster com o Harrison Ford (que já pilotou o Air Force 1) aos comandos... 58 anos, ainda casado com a noiva original, duas filhas, uma folha de serviços militar que não se limita a ser sem reparo, e um registo na aviação civil agora coroado com uma arriagem perfeita... Ó Sully, quem julgas tu que enganas? Eras o melhor pilotinho da academia e gostas de musicals? Tens duas filhas? De qual gostas mais? E a tua Lorrie, aposto que a chorar está ela habituada... Já agora, tens-te lembrado de declarar os teus rendimentos? Seriamente, já há-de haver quem se pergunte se alguém pode ser imaculado. Nascido por volta de 1950, o nosso Sully tinha 30 anos quando pegou nos comandos de um avião de passageiros: hospedeiras e aviadores, mile-high club... Não há um marido ou colega ciumento, uma co-worker despeitada ou traumatizada por assédios importunos? Para onde voou o Sully? Paraísos fiscais nas Caraíbas, ou então Colômbia, Bolívia, México? O mundo gosta de heróis, mas o que saboreia realmente é o espectáculo que dão quando estão tombados na sarjeta. Até o nome “sully – to make soiled or tarnished, to defile”, prenuncia a queda... Não dou ao herói do Hudson mais que uns meses até a lama começar a salpicar-lhe o nome; ainda o verei – e não sentirei senão pena, enquanto murmuro “I told you so”, claro – a pedir desculpa ao mundo por não ser perfeito...
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