quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tout comprendre, c'est tout pardonner...

Um esclarecimento: não referi mulheres em contraposição a guineenses/ucranianas; as g/u em questão são mulheres, mas já têm emprego - limpar as casas das mulheres que tiveram de arranjar emprego para se livrarem da ingratidão não remunerada reservada às donas-de-casa. Quanto aos preconceitos cujos miasmas pestilenciais o subtil nariz da Clara detectou por aqui, são incontáveis, quase universais, mas fazem de mim mais um misantropo que um misógino. Avalio a Humanidade tomando como padrão o único ser humano que conheço verdadeiramente - eu -, e não podia deixar de sentir por ela (a Humanidade), senão desprezo, ou pior. Em todo o caso, sempre me permito notar que, há não muito tempo, a Clara demoliu um segurança por lamber a mão que o alimentava (a do DOUTOR BALSEMÃO), mordendo a da Clara - Clara essa que não deixou, entre considerandos de vária ordem indicativos do primarismo, mesquinhez e falta de criatividade e de inteligência que constituem invariáveis atributos dos rentacops, de salientar, depois de mencionar quão mal paga é no seu (criativo, quand-même) trabalho, as dimensões colossais do BMW paternal (para que não houvesse confusões)... A Clara estudou num colégio de freiras, e deve as suas pernas de tânagra ao ballet (o securitas foi até ao antigo nono ano em Chelas, e deve o rabo gordo a estar sentado o dia inteiro diante de um monitor de cctv). Se o lambe-botas for despedido, acaba no Linhó depois de uma curta carreira como carjacker de pessoas como o pai da Clara; se a Clara for despedida, diz-me a subtil (e bífida) língua que me serve de nariz, acaba, na pior das hipóteses, a dormir na garagem da casa (talvez não tão grande como a do DOUTOR BALSEMÃO) onde o Pai abriga o seu BMW gigantesco (e a mãe deita o seu Audi ou Mercedes)... Enfim, há sempre uma pedra a jeito quando passamos por casas com telhados de vidro - no caso da minha casa, bem sujo.

4 comentários:

  1. 1. A minha referência a preconceitos que por aqui se sentem não era em relação aos teus posts, mas sim à caixa de comentários.

    2. Os meus comentários na história do securita não pretendiam atribuir aquelas características (o lambe-botismo, o poder pequenino) aos seguranças em geral ou a qualquer outra profissão ou "estrato social" (whatever that is). Referiam-se aos portugueses em geral e à nossa maneira de funcionar.

    3. A Clara andou num colégio privado, de freiras (duas delas suas tias-avós), onde as mensalidades variavam conforme os rendimentos dos pais. A Clara entrou no ballet por ordem médica. Ganhou-lhe gosto e ficou até hoje.

    4. A referência ao BMW do pai era obviamente uma ironia. Subtil, mas uma ironia. Até porque o carro não é do pai, é da empresa onde ele trabalha. O pai e a mãe da Clara têm (deles) apenas um carro: um Ford Fiesta. O pai paga-lhe o passe.

    5. A Clara vive com os pais no alto de um prédio na Amadora. Uma casa bonita, com um tamanho razoável, que lhe dá um quarto só para si de 9 m2. Infelizmente, parece-me que aí continuará a viver durante algum tempo, já que não há perspectiva de aumento suficiente de rendimentos para poder ter uma casa sua nos tempos mais próximos.

    6. A Clara não poderia ser despedida, já que não está empregada.

    Felizmente, a Clara tem uns pais porreiraços, que não têm problemas financeiros, ganham uns dinheiros fixes para passarmos férias num sítio com piscina no Algarve todos os anos e para ajudar os avós a comprar uma casa nova.

    A Clara vive bem e não tem vergonha disso. A Clara depende dos pais e não tem vergonha disso. A Clara quer deixar de depender dos pais e não tem vergonha disso.
    E se um dia o meu pai puder ter um BMW, puder oferecer um à minha mãe e outro a mim e outro à minha irmã, óptimo. Até o convenço a mandar-te um por correio, caro Snake.

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  2. Correndo o risco de estar eu a fazer exactamente o mesmo, queria só salientar como é injusto um julgamento de carácter baseado num texto de um blog!
    Não podias estar mais errado sobre a Clara. E eu conheço-a há quase 25 anos, sei o que digo...

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  3. não está mais sujo do que o meu quintal...Tordo

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  4. temo ser mais uma vez - digo, porque já uma vez, para grande peso na minha consciência, arruinei um blog deste autor - o culpado de tudo isto. como nos melhores filmes dramáticos, alguém, normalmante o vilão, aponta a pistola, prolongamento metafórico de um nariz sensível e algo empinado, num palmo de cara adivinho, e o nosso herói salta entre a mira e o alvo. mas em em vez de se martirizar, snake saca da sua arma e dispara balázios como clint numa pasta-cauboiada. não sei se para salvar a minha inútil vida virtual neste simpático jardim, como nas grandes histórias de amizade e amor, se por confundir o target com o trigger (em doses homeopáticas, os anglicismos ficam bem a alguns mas menos bem a outros, não sei se estou a ser claro expressando-me nesta língua que aniquila um género por via dum outro dominante). desculpem, nunca foi minha intenção fazer do do comentador-de-blog-simpático-figurante uma personagem principal da animação, apesar do processo até poder parecer democrático, pelo menos tanto como carros topo gama alemães e monósculos na amadora, o tempore o mores, que é como dizer it's about time, miles, como quem diz, para me pôr a milhas.

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