domingo, 19 de abril de 2009

Facebook

Não é nada mau: segundo o facebook, tenho 18 amigos. Retiro a este razoavelmente impressionante total duas irmãs e dois cunhados. Uma das irmãs é "the special one", e um dos cunhados (adivinhem com qual das irmãs está casado...) é um amigo, mas são família, e decidi que família não conta. Tenho 14 amigos. Não, wait, há uma prima no lote. Marcha. 13. Não seria pouco, ainda assim, só que acabo de reparar que um dos sobreviventes é um tal "meninos do rio". Seja quem for, salta. Dos 12 que restam, um (uma) é a mulher de um (um). Simpática, inteligente, bonita, mas devo ter estado com ela uma dúzia de vezes na vida; sóbrio, creio que nunca. Parecem-me fundamentos para desqualificação. A contagem vai em 11... as faces de 6 dos quais não vejo há mais de dez anos. Eram part-time friends - apesar de três deles, se eu não fosse a pessoa (?) que era, terem podido ser mais que isso - e eu fiz (primeiro porque bebia, depois por ter deixado de beber) com que se transformassem em zero-time friends. 5. A coisa está a ficar desanimadora. Tenho de pensar bem antes de continuar a subtracção. Há uma Kitty. Amiga de uma irmã. Conheço-a há muito tempo. Tem valor sentimental. Daí a falar de amizade... Dos quatro resistentes, três são gajos. Ladies first. Foi o primeiro amor da minha vida. Foi o único amor da minha vida. Por ela, entre os meus dezoito e os meus 28, não teria havido nada que eu não me julgasse (convictamente) pronto a fazer. Mas não fiz nada que fizesse ou pudesse ter feito diferença. Se calhar (é o mais provável) não fiz nada. Nem teria valido a pena, concluí dolorosamente tarde (porque o amor, para além de cego, é burro), fazer o que quer que fosse - love does not conquer all, e em matéria de amor (como em de amizade, como em de quase tudo), eu estou muito abaixo do limiar de percepção por seres humanos. É a minha história triste; ela também tinha uma (e bem pior que a minha). Adiante. 3 gajos (como o álbum dos ZZTop). Um está em Macau, o outro em Oxford (ou Cambridge; same difference). Demos de caras uns com os outros há vinte anos, e durante os dez seguintes, partilhámos (hate this fucking word) tanta coisa que, quando se foram embora, foram-se embora. Há graus de intimidade que não suportam a distância; também havia muitos ressentimentos, muita agressividade, muita competição. Da intimidade nada ficou; do resto, sobrou o suficiente para impedir qualquer reaproximação. Cômputo final: 1. Que dispensa o Facebook. Para que estou então no Facebook? Para que ele me permita a ilusão ocasionalmente reconfortante de contar no mundo 18 amigos. O que não é nada mau.

2 comentários:

  1. ta com graca! E se eu analizasse os meus 'amigos' do facebook nestes termos acabaria tambem, talvez nao com 1 mas concerteza nos single digits.

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  2. nada mau. acho que se toda a gente fizesse isso, chegaria à conclusão que amigos amigos tem poucos. i know i do.

    portanto talvez estejas no facebook por causa dos amigos que hão-de vir. para manter contacto com eles e matar aquela curiosidade (mórbida) de "saber o que é feito".

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