sexta-feira, 19 de junho de 2009
¿Que es más macho?
Pineapple o knife? Acordei a cantarolar "Smoke Rings", da Laurie Anderson... A Laurie é casada (ainda?) com o Lou Reed, mas no tempo, in illo tempore (há mais de 20 anos), em que eu a considerava, kind of, a mulher ideal - bonita (é discutível, bem sei), inteligentíssima, criativa, espirituosa (tudo indiscutível), era uma miúda livre (acho eu), e talhada (achava eu) para um gajo ideal (all of the above a propósito da mulher ideal, menos a beleza). Claro que ela frequentava a cena downtown de Nova Iorque, enquanto eu, fora para ir (de dia) à Contraverso, não punha os pés sequer no Bairro Alto (que era a cena downtown NY de Lisboa). Não obstante esse pequeno obstáculo de falta de intersecção dos nossos círculos sociais, a minha imaginação - nesse tempo, tinha alguma imaginação - era bem menina para nos fazer dar de caras um com o outro... enfim, não sei onde nem em que circunstâncias (foi há muito tempo, in illo tempore), mas com resultados cupídicos inevitáveis. Só para clarificar: eu não levava a capa do Big Science (era um LP - uma rodela de plástico com um diâmetro de 30 cm, for those of you out there que ainda não tinham nascido - capa, portanto, a condizer) para a minha modesta casinha-de-banho na minha modesta casinha ali ao cemitério da Ajuda (tenho queda para moradas próximas de cemitérios; agora ironicamente, do dos Prazeres - a minha última morada?) para obter a solitária gratificação que, então como hoje, era o alfa e o ómega da minha vida sexual; não: eu e a Laurie éramos soulmates (nesse tempo, tinha alguma alma, ou se calhar, era a minha imaginação a arrebatar-me), e o nosso amor vindouro era uma coisa pura, elevada, espiritual (o resto viria a suo tempore, em Latim macarrónico). And what is the point of all this? E porque é que tantas línguas bárbaras se sucedem neste arremedo de o que quer que isto seja, e porquê tantos travessões, parênteses, boxes within boxes, reticências (...)? Não faço ideia. Eu e a Laurie temos certamente uma coisa em comum agora - estamos velhos, gastos, acabados, uns cavacos (do Lou Reed nem falo). Cupido não chegou a fazer de nós um Kebab; arrastei-me pelo BA, durante anos, mas não dei por lá de caras com a Laurie (apesar de ter espreitado, na Expo98, o Lou). Em NY, nunca estive nem estarei... Mas acordei hoje a cantarolar o smoke rings ("Desire! It's cold as ice and then hot as fire. Desire! First it's red and then it's blue, and everytime I see an iceberg it reminds me of you"), e dei por mim a pensar que deixei de pensar fosse em quem fosse, a concluir que I no longer love the way anyone holds their pens... and pen(pausa)cils... Mister Heartbroken, that's me.
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